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O mercado de aditivos nutricionais sob o olhar de Júlio Emrich

Com 20 anos de trabalhos na Purina, onde iniciou como Gerente de Controle de Qualidade até o cargo de Diretor de Negócios, o engenheiro agrônomo Júlio Henrique Emrich Pinto, com MBA em Gestão de Negócios pela FGV e Universidade de Ohio, tornou-se sócio-diretor da Malta Cleyton do Brasil, também foi Diretor de Nutrição da Vaccinar, Diretor Global de Nutrição da Ilender e, atualmente ocupa a posição de Diretor de Operações da Cialne.

Júlio traz o seu olhar sobre o mercado brasileiro de aditivos nutricionais nesta entrevista para a Revista Ingredientes & Nutrientes, confira!

Revista Ingredientes & Nutrientes – Qual a opinião em relação ao atual momento, mundialmente falando, do setor de nutrição animal no que tange os aditivos nutricionais como solução para algumas demandas do setor produtivo e de animais de estimação?

Júlio Emrich – Para responder essa pergunta é necessário considerar que desde os primórdios da humanidade guiados pela fisiologia de cada espécie e limitados pelos conhecimentos e técnicas de cada época, temos como objetivo vital a busca pela qualidade de vida. Mesmo não sendo o único pilar que permita atingir esse objetivo, a alimentação joga uma regra fundamental nessa busca, pois a condição nutricional ideal é de longe a melhor opção para fazer frente aos desafios produtivos e sanitários. O dito popular “somos o que comemos” tem sua verdade porque é por meio do alimento que suprimos o organismo em suas necessidades e requerimentos, permitindo a máxima expressão genética em desempenho e resposta nata aos desafios sanitários.  Fornecer aos animais de produção ou de companhia os alimentos in natura, dificilmente garantiria uma saúde produtiva adequada. A maneira segura de atingir esse objetivo é o fornecimento de dietas e de alimentos balanceados e adequadamente formulados e processados. Assim sendo, é impossível não destacar os aditivos nutricionais, tais como, os aminoácidos, vitaminas e seus percussores, minerais inorgânicos e orgânicos, macro, micro e ultratraços, ureia e derivados etc, não como “solução”, mas como componentes indispensáveis desses alimentos. A partir de 2000, com a decisão de países da Comunidade Europeia de reduzir gradativamente e até mesmo proibir de forma crescente o uso de antibióticos promotores de crescimento, preservando as moléculas existentes para o tratamento humano e animal, reforçado pela valorização do mercado consumidor por produtos mais saudáveis e naturais, preocupação com o bem-estar animal e produção sustentável fez de uma tendência uma realidade, valorizando ainda mais o uso destes aditivos.

Revista Ingredientes & Nutrientes – Qual é o cenário brasileiro e como estamos posicionados em relação ao uso de aditivos nutricionais na nutrição animal?

Júlio Emrich – Estamos no mesmo nível dos países do primeiro mundo em relação ao uso dos aditivos nutricionais e não poderia ser diferente já que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de proteína animal e o segundo maior mercado de animais de companhia, além da alta tecnificação desses segmentos. A globalização oferece ao mercado nacional tanto as alternativas importadas, quanto as nacionais que são desenvolvidas pela iniciativa privada de forma independente ou em associação com Universidades e/ou Centros de pesquisa.

Revista Ingredientes & Nutrientes – Ainda em relação às demandas no Brasil, quais são elas, bem como, as novidades para atender o setor de nutrição animal em termos de aditivos nutricionais em animais de produção e de companhia/estimação? Estes aditivos podem ser adicionados ao premix?

Júlio Emrich – De uma maneira geral posso dizer que se trata de ter cada vez mais opções de fontes seguras, biologicamente disponíveis e resistentes aos avanços tecnológicos dos processos de produção de alimentos, sem perder suas características funcionais e biodisponibilidade, gerando menos resíduos endógenos e contaminantes ambientais. Importante salientar também que sejam de custo x benefício adequado ao setor. Além disso, o mercado requer novas fontes aminoacídicas e de oligoelementos (minerais ultratraços) para atender o conceito de essencialidade, permitindo oferecer ao mercado uma nutrição completa, objetivo que estamos ainda longe de alcançar. Em relação às novidades, podemos citar os extratos herbáceos e as fontes minerais complexas que podem substituir os aditivos nutricionais como alguns aminoácidos, além de outras categorias de aditivos com a vantagem de serem produtos naturais que é também uma exigência crescente do mercado consumidor.

De uma maneira geral, os aditivos nutricionais podem ser adicionados ao premixes. Mas essa regra tem suas exceções. Para cada aditivo alimentar deve ser considerado suas características, principalmente de estabilidade e interação com os demais componentes do premix e ponto do processo que vai ser adicionado ao alimento. Essa decisão deve ser tomada de comum acordo como o fabricante do aditivo nutricional, do alimento e segmento do mercado a ser atendido.

Revista Ingredientes & Nutrientes – Sobre a evolução desses aditivos o que pode ser dito?

Júlio Emrich – As pesquisas que acontecem de maneira privada, pública e por meio de parcerias levam ao conhecimento científico, resultando na diversificação dos portfólios, seja para atender o mercado de proteína animal ou de animais de companhia.  Essa diversificação tem demandado do setor de produção de aditivos nutricionais, que vem respondendo de forma positiva às mudanças de conceito de aplicação, estabilidade e, como mencionei, de biodisponibilidade, por meio de novos produtos e apresentações.

Revista Ingredientes & Nutrientes – Em termos de pesquisa, desenvolvimento e inovações como estamos posicionados?

Júlio Emrich – Diria que estamos evoluindo mais no setor privado do que no público. Mas, temos ainda um longo caminho a percorrer uma vez que a maioria destes aditivos ainda são de tecnologia ou procedência importada.

Revista Ingredientes & Nutrientes – Quais os principais desafios do setor de aditivos de nutrição animal?

Júlio Emrich – Em nosso País, como em todos os setores, o principal desafio está no custo Brasil. Mas, com certeza o maior desafio é atender as exigências crescente em segurança alimentar com produtos eficientes, seguros e com relação custo x benefício eficiente.

Do setor público é desnecessário dizer que temos assistido com raras exceções a falta de incentivo e valorização do ensino e pesquisa que muito foi agravado pela pandemia. O ranking de inovação tecnológica geral do nosso país no cenário mundial confirma minha preocupação e mais ou menos de acordo com cada setor pagaremos um preço alto e assistiremos uma dependência crescente da importação tecnologia com seus respectivos custos.

Revista Ingredientes & Nutrientes – Quais são as projeções para este mercado?

Júlio Emrich – São altamente positivas, pois o consumo da proteína animal, bem como, a quantidade de lares com animais de companhia são crescentes. Somado a isso, tem a questão da proibição do uso de antibióticos melhoradores de desempenho e a busca pelo “natural”. A nutrição vai ser cada vez mais importante na saúde produtiva e na qualidade da vida destes animais e, como consequência, as oportunidades de inovação e crescimento deste mercado serão maiores do que as do setor de alimentação animal.

Revista Ingredientes & Nutrientes – Qual a mensagem para o mercado brasileiro de aditivos nutricionais.

Júlio Emrich – Vou tomar a liberdade de estender minha mensagem a todo setor de nutrição animal, seja de animais de produção ou de companhia, no sentido da nossa responsabilidade quanto à produção sustentável, levando sempre em conta a segurança alimentar, o bem-estar animal, o respeito ambiental e social.

No que se refere aos aditivos nutricionais, bem como, todos os componentes de um produto é preciso sempre levar em conta alguns pontos:

– Ser registrado no órgão competente
– O conceito estar sustentado por pesquisa científica independente
– As pesquisas que sustentam o produto serem consistentes, em número, protocolo e delineamento estatístico adequado
– Endossado por empresas e profissionais idôneos
– Avaliado por profissionais capacitados

PUBLICAÇÃO EXCLUSIVA DA REVISTA INGREDIENTES & NUTRIENTES – NUTRIÇÃO ANIMAL.
PROIBIDO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO DA EDITORA STILO E/OU GMG.

tag: aditivos nutricionais

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Uma resposta

  1. A mensagem que o Júlio deixa ao final não poderia ser mais verdadeira e importante para os tomadores de decisão!
    Ainda que com registro nos órgãos competentes, há que se ter informações seguras sobre a inocuidade e eficiência dos produtos. Mesmo assim eles devem passar pelo crivo do Controle de Qualidade ou testes de campo na empresa cliente.
    Parabéns!

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