Lucas Cypriano assume comando da Organização Mundial da Reciclagem Animal
Desde 2019 o Coordenador Técnico da Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA), Lucas Cypriano, ocupava o cargo de vice-presidente da World Renderers Organization (WRO), Organização Mundial da Reciclagem Animal e em junho deste ano assumiu a presidência para o biênio 2021/2023.
Com mais de 26 membros distribuídos em 24 países, a WRO representa a indústria de rendering em escala global, em instituições como a OIE (Organização Mundial da Saúde Animal), FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), LEAP (Livestock Environmental Assessment and Performance) e IFIF (International Feed Industry Federation).
Há 19 anos, Cypriano dedica-se ao setor de Reciclagem Animal, sendo 10 deles integrando e representando a ABRA nos mais diversos eventos internacionais. “Ser o primeiro brasileiro a ocupar o mais alto cargo da WRO, com a tarefa de representar o setor de reciclagem brasileiro e mundial junto às principais entidades, que afetam o presente e futuro da reciclagem animal global, é uma honra muito grande”, destaca.
Em entrevista à Revista Graxaria Brasileira, Lucas Cypriano falou da conquista, expectativas e ações como presidente da WRO e tendências de mercado para o setor de Reciclagem Animal em escala global.
Revista Graxaria Brasileira – Quando e como começou a sua relação com o setor de Reciclagem Animal mundial?
Lucas Cypriano – Eu cheguei na ABRA no final de 2011 e, em 2012, o Clênio Gonçalves, que presidia o Conselho Diretivo na época, me levou para o meu primeiro Congresso da EFPRA (European Fats and Processed Protein Association), em Praga. No evento, ciceroneado pelo Clênio e o Alexandre Ferreira, eu fiquei frente a frente com os principais empresários e representantes de associações e entidades do setor de Reciclagem Animal mundial. A partir daí, essa interação só aumentou.
Revista Graxaria Brasileira – Como chegou à WRO? Como foi a sua experiência como vice-presidente da Organização?
Lucas Cypriano – Graças a essa visão de futuro do presidente Clênio, de que o Brasil tinha que estar presente nos principais fóruns da reciclagem animal global, o trabalho técnico da ABRA passou a ganhar o olhar do mundo. Primeiro, na Europa, depois nos EUA, mas a grande lição viria logo em seguida. A ABRA financiou a minha ida à Austrália para participar de curso de reciclagem higiênica, promovido pela ARA (Australian Render Association). Ali eu conheci o Dr. Bill Spooncer – um dos principais técnicos da reciclagem animal mundial – hoje aposentado, que me fez rever conceitos na área de qualidade e de processamento higiênico de farinhas e gorduras. Ao retornar, lancei o Programa ABRA que Aqui Tem Qualidade – AATQ. No início de 2014, a ABRA indicou o meu nome para integrar o SAP-WRO (Scientific Advisory Panel da World Renderers Organization), que foi aceito pelo presidente à época, o Dr. Stephen Woodgate.
Desde então, passei a opinar e a defender tecnicamente, via SAP de WRO, os interesses do setor perante as outras instituições internacionais e aí tudo mudou. Em 2019, a convite e indicado pela New Zealand Renderers Group, assumi a cadeira de primeiro vice-presidente da WRO até 2021 no lugar de Bruce Ross, que ocupava o cargo de segundo vice-presidente e que seria alçado ao cargo de primeiro vice-presidente se não tivesse optado pela sua aposentadoria. Uma experiência única, intensa e que me colocou no comando da Organização.
Revista Graxaria Brasileira – O que significa assumir a presidência da WRO?
Lucas Cypriano – Profissionalmente falando significa gratidão, reconhecimento, além de muita responsabilidade e o desejo de fazer a WRO crescer. Pelo lado pessoal, a realização de um sonho não sonhado. Como técnico, nunca imaginei chegar aonde cheguei. Fica o orgulho e a convicção de que nada se constrói sozinho – sem o apoio constante e incondicional da ABRA, eu jamais chegaria a ocupar esse cargo.
Revista Graxaria Brasileira – Quais as suas expectativas nesta posição?
Lucas Cypriano – Contribuir para que a WRO seja ainda mais reconhecida e tenha voz ativa junto aos mais diversos organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) via uma participação técnica precisa e clara, defendendo o setor de forma robusta e organizada.
Revista Graxaria Brasileira – Quais serão as atribuições e as prioridades a serem trabalhadas?
Lucas Cypriano – Em síntese, coordenar todas as ações da WRO perante os mais diversos organismos internacionais, agindo quando necessário, mantendo os associados informados quanto às tendências de mercado em nível mundial, em especial, sobre ações de organismos internacionais que possam influenciar a vida do setor.
Em especial, contribuir junto à OIE nos capítulos do Código de Saúde dos Animais Terrestres relacionados à Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE em inglês); participando das ações de sustentabilidade e meio ambiente que a FAO está promovendo; e continuar a participar dos “grupos de trabalho de especialistas” (EWG em inglês) que a IFIF sempre promove – nesse momento, estou participando do EWG na confecção de manual ICCF para a definição e especificação dos produtos e ingredientes da alimentação animal.
Revista Graxaria Brasileira- Para finalizar, um resumo do cenário atual do mercado mundial de Reciclagem Animal?
Lucas Cypriano – Dá para assegurar que o setor de Reciclagem Animal está em plena expansão em nível global em função da alta demanda de produtos, principalmente, no mercado asiático. Só para se ter uma ideia, nos últimos 10 anos o mercado mundial de farinhas e gorduras de origem animal, cresceu sempre acima de 10% ao ano. E a tendência é que este movimento continue, o que favorece a conquista de novos players mundiais. Em suma, o setor vai muito bem. A integração que a WRO propicia entre as principais associações de renderers mundiais é vital para o bom-desenvolvimento de um comércio internacional saudável e estável.
Por: Lia Freire
PUBLICAÇÃO DA REVISTA RECICLAGEM ANIMAL – GRAXARIA BRASILEIRA.
PROIBIDO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO DA EDITORA STILO