Compondo o Conselho Diretivo da ABRA – Associação Brasileira de Reciclagem Animal -, onde ocupa um dos cargos de Vice-Presidente, o Diretor de Operações da Patense, Victor Gonçalves, em entrevista para a Revista Graxaria Brasileira traz o seu olhar sobre o mercado brasileiro de reciclagem animal, avalia as oportunidades, os avanços, o cenário de exportação e faz suas projeções.
Victor é da família fundadora da empresa Patense, o que o permitiu iniciar sua carreira nesta área bastante jovem. Ainda bem novinho, aos 12 anos, após os estudos, Victor era levado pelo pai, Clênio Gonçalves, para a empresa para conhecer a rotina, o trabalho desenvolvido, acompanhar todos os processos e se ambientar com a atividade desempenhada na empresa da família. Assim foi dos 12 aos 16 anos. Depois disso, Victor deixou a cidade Patos de Minas (MG) para estudar e retornou em 2013, quando de fato assumiu um cargo na Patense. Ao longo destes 10 anos, passou por diversas áreas, adquiriu experiência e progressivamente alcançou postos de liderança. “Trabalhei em áreas como almoxarifado, operação de planta, compra de materiais e manutenção de equipamentos. Além disso, tive a oportunidade de me aprofundar em áreas como estratégia, finanças e desenvolvimento. Atualmente, sou o Diretor de Operações do Grupo e minhas responsabilidades incluem as áreas de produção, manutenção, qualidade, PCP, meio ambiente, projetos e P&D”, cita o executivo que hoje, aos 28 anos, já acumula uma larga experiência.
Revista Graxaria Brasileira – Nos últimos anos, como foi o desempenho do mercado brasileiro de reciclagem animal?
Victor Gonçalves – O mercado brasileiro de reciclagem animal tem apresentado um desempenho positivo nos últimos anos, com preços elevados para farinhas e gorduras. Isso é um indicativo de crescimento e estabilidade. Além disso, o País tem ampliado suas oportunidades de negócios, abrindo novos mercados e melhorando a comercialização dos produtos.
Revista Graxaria Brasileira – A que se devem tais resultados?
Victor Gonçalves – Os produtos, no Brasil, seguem as tendências do mercado mundial de proteína e gordura vegetal, visto que nos últimos anos, devido à pandemia e à influência da Guerra na Ucrânia, observamos um aumento nos preços da soja e do milho. Além disso, a busca por fontes sustentáveis de energia, como o biodiesel e o diesel renovável, tem aumentado a demanda por gorduras animais, impactando positivamente nos preços.
Revista Graxaria Brasileira – Desde que você acompanha este mercado, quais foram os principais avanços observados no Brasil?
Victor Gonçalves – A evolução do mercado brasileiro de reciclagem animal tem sido notável nos últimos 15 anos. Um dos principais marcos para essa evolução foi a criação de uma Associação forte e representativa, como a ABRA – Associação Brasileira de Reciclagem Animal, que tem permitido a criação de regulamentações e normas para o setor, além de promover a cultura da sustentabilidade, qualidade e segurança alimentar entre os associados, contribuindo assim para o crescimento e desenvolvimento deste mercado.
Revista Graxaria Brasileira – Quais são os principais desafios que o mercado brasileiro de reciclagem animal enfrenta?
Victor Gonçalves – Um dos principais desafios enfrentados pelo mercado brasileiro de reciclagem animal é a necessidade de acompanhar as rápidas mudanças no cenário mundial, adaptando-se a elas, mantendo-se sempre em evolução. Isso inclui a necessidade de aumentar a eficiência das indústrias, assim como, o desenvolvimento de novos produtos a partir das matérias-primas disponíveis nas plantas de reciclagem animal.
Revista Graxaria Brasileira – Em relação à qualidade das farinhas e gorduras produzidas no Brasil, qual a sua avaliação?
Victor Gonçalves – A minha avaliação é muito positiva. O Brasil possui regulamentações rigorosas para a produção destes produtos, o que garante alta qualidade. Além disso, os consumidores exigem garantias de que o processo produtivo siga as normas e regulamentos necessários, o que contribui para manter a qualidade sempre em um alto nível.
Revista Graxaria Brasileira – Qual o cenário da exportação para as farinhas e gorduras produzidas no Brasil?
Victor Gonçalves – O cenário para a exportação dos produtos brasileiros é positivo, com diversos mercados sendo abertos e uma crescente demanda. Isto tem criado oportunidades para expandir as exportações e é esperado que essa tendência continue.
Revista Graxaria Brasileira – De modo geral, sobre as oportunidades para o Brasil, tanto no mercado interno quanto externo de reciclagem animal, como você avalia?
Victor Gonçalves – O mercado brasileiro de reciclagem animal tem boas oportunidades pela frente. A busca por produtos mais sustentáveis cria demanda nos mercados que valorizam a pegada ambiental. Isso amplia oportunidades para o setor, que conta com uma produção em grande escala de bovinos, suínos e aves, possibilitando acesso a diferentes mercados e nichos de comercialização.
Revista Graxaria Brasileira – Quando teve início a sua relação com a ABRA, quais as suas expectativas como Vice-Presidente e quais devem ser as prioridades da Associação?
Victor Gonçalves – Minha relação com a ABRA vem de longa data, desde a época em que acompanhava o trabalho de meu pai, Clênio Gonçalves, como presidente e um dos fundadores da Associação. Sempre que possível, eu estava com ele nas reuniões, o que me permitiu testemunhar o importante crescimento da entidade, desde a fundação até os dias de hoje. Eu entrei para o Conselho Diretivo em 2020, ocupando um dos cargos de Vice-Presidente da Associação e, em dezembro de 2022, durante a Assembleia da Associação ocorreram novas eleições e fui reeleito para o cargo pelos próximos três anos. Espero poder continuar contribuindo para representar de maneira eficiente as mais de 240 empresas afiliadas. Acredito que devemos fortalecer o setor em todas as frentes e dar cada vez mais subsídios para que as empresas sejam eficientes.
A ABRA está trabalhando em frentes importantes, como acompanhamento da transição de governo, busca por novos mercados e criação de comitês específicos para auxiliar os associados, como por exemplo, o comitê de segurança do trabalho para prevenção de acidentes no setor.
Revista Graxaria Brasileira – Qual a sua avaliação sobre o futuro do mercado brasileiro de reciclagem animal? Quais devem ser as oportunidades?
Victor Gonçalves – Eu acredito que o mercado brasileiro de reciclagem animal tem um grande potencial de crescimento. Isso porque é possível ver um aumento no interesse por soluções de reciclagem para os resíduos animais. Além disso, com a evolução da tecnologia e a busca constante por novos produtos, há uma grande oportunidade para inovação e desenvolvimento de novos processos e produtos na cadeia de reciclagem animal.
Por: Lia Freire
