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Relatórios de organizações de graxaria ao redor do mundo revelam otimismo para o futuro

Relatórios de organizações de graxaria ao redor do mundo revelam otimismo para o futuro e desafios comuns, especialmente com relação ao trabalho.

Por Sharla Ishmael

Embora os cenários sejam diferentes, as histórias sobre graxaria em muitos países são notavelmente semelhantes, mesmo considerando que operam sob diferentes tipos de governo e regulamentações. A Render convidou representantes de todos os países membros da Organização Mundial dos Processadores a nos enviarem um breve relatório sobre o estado da graxaria onde eles atuam. Em particular, pedimos que abordassem quaisquer preocupações com a mão-de-obra que pudessem ter e como esses problemas estão sendo tratados.

A seguir estão as respostas de oito países (algumas foram condensadas devido a limitações de espaço). No geral, suas histórias refletem um grupo determinado, engenhoso, desafiado e orgulhoso, cujo trabalho faz uma diferença positiva em direção a um mundo mais sustentável.

Austrália

Por Tim Juzefowicz, Oficial Executivo da ARA
A perspectiva para a oferta e demanda de produtos de graxaria na Austrália é atualmente moldada por múltiplos fatores dinâmicos. A demanda global por produtos de graxaria permanece forte devido ao seu uso em ração animal, biocombustíveis e oleoquímicos. No entanto, interrupções causadas pelo atual surto altamente patogênico de influenza aviária (HPAI na sigla em inglês) na Austrália e problemas na cadeia de suprimentos, em parte devido à guerra na Ucrânia, bem como o aumento de incidentes de pirataria em rotas marítimas críticas, impactaram as distribuições internacionais de transporte. Essas interrupções causaram atrasos e aumento dos custos, criando desafios para os exportadores.

Como um ator-chave no comércio internacional de produtos de graxaria, o impacto do HPAI não pode ser subestimado. O vírus não apenas interrompe a produção de aves, mas também dificulta o comércio de vários produtos de graxaria devido às rigorosas medidas de biossegurança impostas pelos países importadores e às medidas em vigor controlando as exportações de produtos de graxaria.

Para o futuro, é essencial o reconhecimento e a aceitação de que o tratamento térmico dos processos de graxaria destroi patógenos para produzir mercadorias seguras para o comércio. Produtos de graxaria são insumos necessários para várias indústrias, incluindo ração para pets, biocombustíveis e fertilizantes, e o impacto das restrições comerciais tem sido sério para a indústria de graxaria australiana.

Por outro lado, a recente reabertura da China para o fornecimento de carne da Austrália é um desenvolvimento encorajador. Espera-se que aumente a demanda por produtos de graxaria australianos, dado o tamanho substancial do mercado da China e sua dependência anterior das importações de carne australiana.

A Associação de Processadores da Austrália (ARA) tem sido proativa na navegação por essas mudanças. O Presidente da ARA, Peter Milzewski, participou recentemente do Congresso da Associação Europeia de Processadores de Gordura e de Graxaria e de uma conferência sobre combustíveis de aviação sustentáveis. Esses eventos proporcionaram percepções valiosas e fomentaram colaborações internacionais.

Sob o subsídio governamental de Cooperação em Comércio Agrícola e Acesso ao Mercado, a ARA planeja realizar sessões de treinamento sobre crescimento de mercado no Vietnã, Tailândia e Filipinas. Estas sessões visam melhorar o acesso ao mercado e educar as partes interessadas locais sobre os benefícios e aplicações dos produtos de graxaria. A ARA está focada em fortalecer sua presença na Ásia, identificar novas oportunidades de mercado e fomentar parcerias para expandir o alcance dos produtos de graxaria australianos. As atividades da associação nos próximos meses serão cruciais para aproveitar a reabertura dos mercados-chave e mitigar os desafios impostos por interrupções globais.

Oportunidades Educacionais e Marcos

A ARA recentemente celebrou um marco significativo com seu 50º Workshop de Acreditação realizado no campus da Universidade de Queensland em Gatton. Este evento, um testemunho da dedicação da ARA à qualidade e segurança no setor de graxaria, reuniu especialistas da indústria e partes interessadas para discutir as melhores práticas e inovações. A ARA tem o orgulho de informar que 1.220 pessoas foram acreditadas desde que o workshop começou em 1994.

A associação está organizando seu 17º Simpósio Internacional de 17 a 19 de setembro no Royal International Convention Centre em Brisbane. Este evento internacional muito esperado irá se aprofundar na sustentabilidade e na economia circular, com discussões sobre biocombustíveis, percepções de mercado, avanços na indústria e perspectivas futuras. O simpósio ocorrerá em conjunto com o Workshop de Acreditação, servindo como um fórum crucial para discutir o futuro da indústria de graxaria. Realizado bienalmente, o simpósio atrai participantes de todo o mundo, oferecendo insights sobre tendências emergentes, dinâmicas de mercado e avanços tecnológicos.

O Código de Práticas da ARA está atualmente em revisão e uma atualização é esperada para ser finalizada ainda este ano. O código é uma pedra angular do compromisso da indústria com a segurança, qualidade e sustentabilidade. Entre as mudanças significativas estão protocolos aprimorados, medidas de controle de qualidade mais rigorosas e diretrizes atualizadas. A revisão visa alinhar-se com as melhores práticas internacionais e os requisitos regulatórios, garantindo que os produtos de graxaria australianos continuem competitivos nos mercados globais.

Questões Trabalhistas: Um Desafio Crítico

Um problema muito urgente enfrentado pela indústria de graxaria da Austrália hoje é a escassez de mão de obra. Encontrar trabalhadores qualificados tornou-se cada vez mais difícil, provavelmente exacerbado pela pandemia de COVID-19 e pelas mudanças nas dinâmicas da força de trabalho. A indústria exige um conjunto de habilidades especializadas, incluindo conhecimento dos processos de graxaria, medidas de biossegurança e operação de equipamentos. As empresas estão relatando que estão trabalhando arduamente para preencher as vagas, o que impacta a produtividade e a eficiência operacional.
Para enfrentar esse desafio, muitas empresas estão investindo em programas de treinamento para aprimorar a força de trabalho existente. Colaborações com instituições de ensino técnico e entidades da indústria também estão crescendo, com o objetivo de atrair novos talentos para o setor. Além disso, há uma ênfase crescente em automação e tecnologia para reduzir a dependência do trabalho manual. No entanto, essas soluções requerem investimentos significativos e tempo para serem totalmente implementadas.

Argentina
Por Jaime Sasson, Produtor e Membro do Conselho de Diretores da Câmara da Argentina

No final do ano passado, houve uma mudança de governo em nosso país, o que trouxe uma mudança na economia e uma abertura para o mundo. Esperamos que essa nova direção seja a correta, mas, no meio tempo, nossa indústria foi fortemente impactada pelo aumento dos custos de produção. Governos anteriores costumavam subsidiar energia e gás, e com a remoção desses subsídios, os custos de produção aumentaram enormemente.

Além disso, os preços do sebo e da farinha de carne permaneceram baixos e estáveis. A Argentina está unificando a taxa de câmbio, e a visão desse novo governo é se abrir para o mundo. A mudança será para um futuro melhor, mas a transição é difícil para a maior parte da população e para a indústria. A graxaria não é uma exceção.

No que diz respeito à mão de obra qualificada, é desafiador encontrar pessoas qualificadas na Argentina, já que muitas preferem emigrar, o que é comum em países da América do Sul. No entanto, somos resilientes e otimistas quanto à situação, e sabemos que, na indústria de graxaria, estar unido é melhor.

Brasil
Por Lucas Cypriano, Coordenador Técnico, ABRA

A indústria de reciclagem animal no Brasil tem mostrado um crescimento robusto impulsionado por um aumento substancial no abate e na demanda internacional crescente. Em 2022, o setor registrou um produto interno bruto (PIB) de $6 bilhões, um aumento de 28% em relação ao ano anterior. Esse crescimento foi impulsionado pelo aumento na produção de farinhas e gorduras animais e pela valorização dos produtos no mercado nacional. O gráfico a seguir ilustra a evolução da produção da reciclagem animal no Brasil de 2012 a 2022 (os números de produção de 2023 ainda não estão disponíveis).

Além disso, houve um aumento nas exportações do setor, crescendo de 251.000 toneladas em 2022 para 329.000 toneladas em 2023, gerando uma receita de $267 milhões. Os EUA e o Leste Asiático são os principais destinos das exportações brasileiras. Vale destacar que apenas 5% da produção doméstica do Brasil é exportada.

No mercado interno, a indústria de nutrição animal é a principal consumidora de farinhas de carne (72,8% das farinhas produzidas), enquanto os biocombustíveis absorvem a maior parte das gorduras (37% das gorduras produzidas). Em 2022, o Brasil exportou 196.821 toneladas de farinhas de carne e 87.057 toneladas de gorduras. O crescimento do setor é atribuído a fatores como maior disponibilidade de matérias-primas resultante do aumento do abate e à demanda crescente de setores específicos, como biocombustíveis.

Olhando para o futuro, o setor brasileiro espera uma maior valorização das gorduras animais devido às políticas públicas que incentivam combustíveis limpos, fomentadas pela mistura obrigatória de biodiesel no diesel brasileiro (14% em 2024 e esperado 15% em 2025). Além disso, a nova demanda no setor de combustíveis marítimos vem da autorização para uma inclusão máxima de 24% de biodiesel concedida em julho pela Agência Nacional do Petróleo para combustíveis marítimos.

Outra área de interesse para o futuro é o promissor mercado de óleo de cozinha usado (UCO n sigla em inglês) devido à nova regulamentação sanitária, em 2024, que regulamentou o comércio desse produto no mercado internacional.
Em 2024, os processadores brasileiros estão observando de perto nosso Congresso, que acaba de aprovar um novo sistema de tributação garantindo impostos mais baixos para o setor de reciclagem animal, considerado estratégico na cadeia de produção de carne do país.

A recuperação de água nas indústrias de reciclagem animal também tem um impacto positivo significativo. Em 2023, mais de 4,7 milhões de metros cúbicos (m³) de água foram recuperados e retornados ao meio ambiente limpos e tratados. Esse reciclo sustentável de água contribui para a preservação dos recursos hídricos e mitiga os impactos ambientais da agroindústria.

Diante de todas essas perspectivas, a Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA) iniciou um novo projeto focado na qualificação da mão de obra. Trata-se de uma colaboração entre a ABRA e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), que treinará trabalhadores para melhorar suas habilidades nos processos produtivos diários. Em 2024, dois grupos de estudo se formaram, marcando um passo importante para a profissionalização e aprimoramento técnico do setor.

Canadá
Por Graham Clarke, Consultor CRA

A indústria de graxaria canadense tem enfrentado uma série de questões nos últimos 12 meses.
No planejamento de um surto de peste suína africana (PSA), o setor de processamento não se envolveria na eliminação de animais infectados. Mas, se fosse necessária uma redução econômica do setor de suínos, o setor participaria da melhor forma possível, semelhante à redução do rebanho reprodutor de suínos que ocorreu em 2008. Parece, no entanto, que não foi feito o planejamento para um possível abate visando ao bem-estar, previsto por algumas partes interessadas do setor de suínos, caso a PSA seja diagnosticada no Canadá.

Isso é uma preocupação e os processadores canadenses foram incentivados a abordar proativamente essa questão em nível provincial e municipal, já que o setor de processamento poderia muito bem ser solicitado a desempenhar um papel nesse abate.

O número de surtos de influenza aviária em aves comerciais está, atualmente, diminuindo no Canadá. O diagnóstico de influenza aviária em gado leiteiro tornou-se uma questão de preocupação e foi identificado na mídia. Até o momento, nenhum caso foi detectado em humanos ou vacas leiteiras no Canadá. A Agência Canadense de Inspeção de Alimentos (CFIA na sigla em inglês) emitiu orientações para veterinários particulares sobre essa questão, abrangendo sinais clínicos, coleta de amostras, proteção pessoal, biossegurança e acompanhamento. Essas orientações foram distribuídas para que os processadores possam implementar qualquer diretriz relevante para a coleta de carcaças e manejo de cadáveres.

Um dos objetivos da revisão das definições dos processadores canadenses era alinhar-se o máximo possível com as definições da Associação dos Autoridades Americanas de Controle de Rações (AAFCO na sigla em inglês) para proporcionar o máximo de consistência possível em todo o mercado norte-americano. A CFIA se adiantou à AAFCO nessa área e as definições revisadas ainda não foram finalizadas pela AAFCO. Essa questão continua sendo um item de preocupação, pois algumas definições não se alinham claramente com as práticas atuais do setor.

Um pedido das indústrias de gado bovino e de carne para mudanças regulatórias a fim de alcançar paridade com os EUA em relação ao material de risco especificado/material bovino proibido para ração animal (SRM/CMPAF) resultou em uma exigência para uma análise de risco abrangente. Esta análise foi praticamente concluída e será enviada para revisão por pares em breve. O documento tem mais de 400 páginas e é muito detalhado, então isso pode levar algum tempo. Se a aprovação for dada para realizar uma mudança regulatória após a conclusão da revisão, então teremos uma ideia melhor de quando a paridade será alcançada. No momento, não há um prazo específico.

Questões Trabalhistas

O governo do Canadá possui vários programas para aliviar a escassez de trabalhadores em várias indústrias. Estes incluem o Programa de Trabalhador Temporário Estrangeiro, que cobre a escassez de trabalhadores na agricultura primária (a indústria de graxaria não é atualmente elegível para isso), bem como um programa que permite a contratação de trabalhadores qualificados para possam ter residência permanente.

A dificuldade em contratar funcionários qualificados varia um pouco pelo país, mas algumas políticas têm sido utilizadas onde esse desafio existe, como na contratação de mecânicos pesados, montadores e motoristas Classe 1. Essas políticas incluem apoiar financeiramente os funcionários por meio de programas educacionais, como aprendizagem e treinamento obrigatório de nível básico (MELT).

Algumas empresas estão estabelecendo um programa de referência de funcionários que oferece recompensas financeiras aos atuais funcionários por uma colocação bem-sucedida na empresa e outras estão recrutando fora das indústrias de graxaria e agricultura, bem como mantendo salários competitivos.

Dinamarca
Por Keld Winther Rasmussen, Gerente de Assuntos Públicos e Regulatórios, Daka Denmark A/S

Há mais de um século, a agricultura dinamarquesa é caracterizada por um grande setor animal, com produtores também controlando a indústria de manufatura através de cooperativas que se tornaram maiores e menos numerosas. Até hoje, mais de dois terços da produção de carne suína e de produtos lácteos é exportada mundialmente. No lado da graxaria, a forte orientação para exportação é acompanhada por uma estrutura de único nível, com a Daka Denmark como o único player no setor de carcaças, o que garante um nível muito alto de segurança veterinária e, portanto, acesso a mercados de alto valor em todo o mundo.

No entanto, mudanças estão previstas para os próximos anos. A graxaria continuará sendo uma parte vital da cadeia de valor, mas há desafios pela frente.
Primeiramente, grandes mudanças no mercado e nas condições competitivas para a carne suína causaram uma queda acentuada no número de abates na Dinamarca. Hoje, o número de suínos de 30 quilos exportados para a Alemanha e Polônia é maior do que o número abatido na Dinamarca. Consequentemente, o matadouro cooperativo dominante, o Danish Crown, fechou dois dos seis matadouros de suínos em 13 meses para manter a utilização da capacidade nos restantes. No lado da graxaria, esse desenvolvimento causou uma redução significativa nos volumes de matéria-prima e uma necessidade contínua de adaptação.

Em segundo lugar, o forte foco na transição verde da sociedade está se tornando cada vez mais presente na agricultura dinamarquesa. Assim, um acordo recente entre o governo dinamarquês, o Conselho de Agricultura e Alimentos e a Sociedade de Conservação da Natureza estabelece que a Dinamarca, como o único país no mundo, introduzirá um imposto nacional sobre o CO2 na agricultura a partir de 2030. Juntamente com a destinação de grandes áreas para reflorestamento e conservação da natureza, isso levará a uma redução adicional no consumo de animais, especialmente de leite e carne bovina. Esse desafio terá um impacto forte na indústria de graxaria.

Em terceiro lugar, a graxaria enfrenta uma competição acirrada por matérias-primas do setor de biogás. Isso se aplica especialmente aos subprodutos da Categoria 3 dos matadouros, que basicamente são adequados para produtos de ração. Uma pequena quantidade disso tem sido utilizada para biogás há anos, mas esse tráfego aumentou consideravelmente durante a crise energética após a guerra na Ucrânia. O alto preço do gás criou uma capacidade de pagamento no setor de biogás, o que pressionou fortemente o equilíbrio do mercado.

Um acordo de conduta assinado pelos setores de agricultura e biogás estabelece que a pirâmide da bioeconomia deve ser respeitada para que o resíduo biológico seja reciclado no nível mais alto possível. No entanto, deve-se admitir que os ideais são mais fáceis de seguir quando as forças de mercado colaboram. Mais adiante, um desafio está se desenvolvendo, pois a indústria de biogás aparentemente planeja também começar a coletar carcaças diretamente da agricultura.

A boa notícia é que, até agora, a mão de obra está disponível quando necessário. O mercado de trabalho dinamarquês, em geral, é apertado, com uma taxa de desemprego muito baixa. No entanto, também é caracterizado por ser flexível, com um nível relativamente alto de mobilidade no emprego, particularmente para os funcionários de colarinho branco orientados para a carreira. Experimentamos alta estabilidade e senioridade entre os funcionários de colarinho azul.

Alemanha
Por Jörg Beer, Advogado Bonn

A indústria de processamento de subprodutos animais na Alemanha continua bem posicionada. No entanto, a redução na criação de gado e a consequente diminuição das matérias-primas para nossa indústria continuaram no ano passado. Mas, há esperança, na indústria, de que um fim para esse fato será alcançado em breve. Se e quando isso acontecerá ainda não está claro.
Posso também adicionar que a situação no mercado de trabalho para nossa indústria, na Alemanha, tem sido desafiadora há algum tempo. É difícil encontrar pessoal, especialmente com qualificações especiais. Houve também uma diminuição na lealdade dos funcionários. Os empregados estão mais dispostos a trocar de empregador do que anteriormente. Esse não é um problema específico da nossa indústria, mas sim uma correspondência com a situação geral no mercado de trabalho. Isso mudou particularmente devido à falta de trabalhadores qualificados, passando de um mercado de empregadores para um mercado de empregados, onde os empregados determinam cada vez mais as condições.

Nossos empresários tentam contrabalançar essas condições com condições de trabalho atraentes. Isso se aplica não apenas aos salários, mas também a outras condições de trabalho, como horários flexíveis, férias, remuneração adicional (bônus de Natal, pagamento de férias), ambiente de trabalho e outros incentivos.

Em 2023, a indústria de processamento de subprodutos animais também lidou com menos matéria-prima, um total de 2,85 milhões de toneladas, em comparação com o ano anterior. Na verdade, foi 3% a menos do que em 2022. Isso de acordo com uma pesquisa conduzida pelo autor sob confidencialidade entre advogado e cliente das empresas e das plantas de derretimento de gordura. Estas últimas não apenas produzem alimentos, mas, dependendo da situação do mercado, também ração e produtos para aplicações técnicas.
As empresas de processamento de subprodutos animais registraram 2.505 pessoas empregadas (ligeiramente menos do que o ano anterior, com 2.523), incluindo a frota de veículos. O faturamento da indústria foi de cerca de 887 milhões de euros, dos quais mais da metade veio do setor da Categoria 3.
Mercado de Proteínas

Como no ano anterior, as proteínas da Categoria 1 foram quase exclusivamente usadas termicamente, ou seja, usadas como substituto de combustível em fábricas de cimento e outras plantas com alto consumo de energia. O uso térmico das proteínas da Categoria 1, no entanto, deveria ser reconhecido como biomassa, especialmente porque são materiais orgânicos e são artificialmente excluídos pela Regulamentação de Biomassa.
As proteínas da Categoria 2 são vendidas em fertilizantes. Esse uso é permitido após esterilização a pressão. As empresas da Categoria 2 se especializaram nisso, proporcionando um valor agregado claramente visível em comparação com a utilização térmica.

Para as proteínas animais processadas (PAP) da Categoria 3, o uso é naturalmente mais amplo. Após a parcial revogação da proibição do uso alimentar de PAP para o gado terrestre em 2021, as vendas no mercado estão começando lentamente a crescer.

A nutrição de aquicultura ainda está no topo da pirâmide de criação de valor. O uso de PAP na aquicultura requer que não contenha proteína de ruminantes. Essa diferenciação não é necessária para uso em ração para pets. O mercado mais economicamente importante para as proteínas da Categoria 3 ainda é a ração para pets, mas a participação caiu de 291.962 toneladas em 2022 para 268.517 toneladas em 2023. O uso de PAP em ração para animais de pele, por outro lado, aumentou de 4.954 toneladas para 6.344 toneladas em 2023. As gorduras alimentícias foram usadas quase exclusivamente em ração para pets por anos.
Exportações de PAP

A exportação de PAPs tem aumentado constantemente em importância nos últimos anos. Devido ao surgimento da ASF, deve-se ter cuidado para garantir que essa rota continue possível. A maioria dos países importadores que impuseram restrições aos produtos suínos alemães excluem produtos aquecidos e, portanto, PAP. Quase metade de todo o PAP (Categoria 3) foi exportado em 2023. Um total de 412.714 toneladas foi produzido e 345.661 toneladas disso foram usadas como ração animal. 191.256 toneladas foram exportadas para países terceiros.
Mercado de Gordura

As gorduras animais das Categorias 1 e 2 foram usadas apenas como matérias-primas para biodiesel. Para a gordura animal da Categoria 3, houve um leve aumento na ração animal, de 8.440 toneladas em 2022 para 8.730 toneladas em 2023. As vendas na indústria oleoquímica, no entanto, caíram para 96.065 toneladas (de 138.814 toneladas em 2022). O uso como matéria-prima para biodiesel, por outro lado, aumentou de 98.668 toneladas no ano anterior para 135.434 toneladas em 2023.

A participação das gorduras alimentícias, banha, sebo e gordura de aves produzidas nas plantas de derretimento de gordura na nutrição humana aumentou ligeiramente de 10.517 toneladas para 10.627 toneladas. No entanto, houve uma leve queda no uso em ração animal; a quantidade caiu de 26.916 toneladas no ano anterior para 24.974 toneladas.
Todas as gorduras continuam a ser vendidas como matérias-primas para biodiesel. Isso também se aplica às gorduras da Categoria 3 e alimentícias. A maior parte é enviada para os países vizinhos da UE para uso como matéria-prima para biodiesel. Em contraste com o ano anterior, a Categoria 3 viu um aumento de 98.668 toneladas para 135.434 toneladas, enquanto a gordura alimentícia viu uma diminuição de 29.991 toneladas para 28.732 toneladas.

Itália
Por Silvia Cerioli, Assessoria de Imprensa da Assitol/Assograssi

O futuro da economia circular na Itália e na Europa depende dos PAPs (Proteínas Animais Processadas) e do compromisso das empresas de graxaria, que há muito estão na vanguarda da segurança alimentar e da proteção ambiental. Isso foi reiterado pela Assograssi, a Associação Nacional de Produtores de Gordura e Proteínas Animais, durante a conferência “PAPs: Um Futuro Sustentável”, realizada em Roma no dia 22 de maio.

A Assograssi, membro associado da Associação Italiana da Indústria de Óleos, parte da Confindustria (Assitol), representa cerca de 80% do setor de graxaria na Itália. A conferência reuniu representantes de instituições, associações e professores universitários para discutir as principais questões enfrentadas pela indústria. Especificamente, a associação destacou as atividades do setor, que envolvem a coleta e transformação de subprodutos animais em instalações regulamentadas pela UE. Os operadores do setor escolhem e processam as matérias-primas, transformando-as em novos insumos para ração para pets e gado, detergentes, fertilizantes e combustíveis.

De acordo com dados recentes, as empresas processam uma média de 1,4 milhão de toneladas de subprodutos animais, produzindo 650.000 toneladas de produtos derivados para o mercado. Boas notícias também vêm do faturamento do setor, que totaliza cerca de 1 bilhão de euros.
Paolo Valugani, presidente da Assograssi, destacou o papel socioeconômico do setor. “O trabalho de nossas empresas está dando uma segunda vida aos resíduos do processamento de carne, enfatizando o ‘sem desperdício’ e a inovação, com o objetivo claro de tornar os processos produtivos cada vez mais eficientes e sustentáveis. Os dados indicam um setor saudável que poderia se expandir ainda mais se fossem criadas as condições adequadas para o crescimento.”

As empresas aderem a regulamentações rigorosas, muito mais severas em comparação com outros países, tanto dentro quanto fora da UE. No entanto, os altos padrões de segurança alcançados nas últimas décadas em resposta à crise de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), e as tecnologias utilizadas nos processos produtivos permitiriam um aumento na produção e rentabilidade se as regulamentações fossem mais amigáveis aos negócios. Com um sistema regulatório mais racional, a Assograssi estima que o setor de ração, tradicionalmente dependente de importações, poderia obter um adicional de 320.000 toneladas de proteínas animais.

Lucas Cypriano, diretor técnico da World Renderers Organization, também ressaltou os custos das regulamentações atuais. “As regras de produção europeias para PAPs alinham-se com as estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde Animal e garantem máxima segurança. De fato, são ainda mais rigorosas. Apesar da severidade dessas regulamentações, o uso de proteínas animais processadas em ração continua proibido.”

Além do reaproveitamento de subprodutos e da eficiência dos processos, a sustentabilidade do setor também se baseia em outros indicadores, como as emissões de gases de efeito estufa, que são significativamente menores em comparação com produtos semelhantes, incluindo os de origem vegetal.
“Estamos trabalhando para um setor cada vez mais sustentável”, comentou Luca Papa, vice-presidente da Assograssi. “Como os dados do setor mostram, a graxaria é central na cadeia de suprimentos de carne porque contribui significativamente para a circularidade do processo e para a luta contra as mudanças climáticas. Portanto, é hora de que esse papel seja reconhecido nos debates políticos.”

Dario Dinosio, vice-presidente adjunto, acrescentou: “Nossa força também reside em nossa capacidade de interagir com os principais atores do setor agroalimentar, com os quais nos sentimos integrados, criando oportunidades de colaboração e intercâmbio, como a de hoje. Pretendemos continuar com essa abordagem, promovendo o diálogo com todas as nossas partes interessadas.”

Além da sustentabilidade, a questão mais importante é a segurança do fornecimento, que é mais relevante do que nunca após os desafios vividos durante a COVID-19 e a guerra na Ucrânia. “É impossível imaginar uma maior independência das importações sem um uso mais amplo de PAPs”, enfatizou Andrea Carrassi, diretor da Assitol. “O mundo tem uma grande necessidade de proteínas e devemos trabalhar para abordar o déficit que a Europa está enfrentando em particular.”

Por isso, a associação está pedindo às instituições nacionais e europeias para ampliar o uso de gorduras e proteínas animais no setor de ração para gado e para rações para pets. A eliminação da proibição de ração, o conjunto de restrições que permite o uso de proteínas animais processadas apenas em determinados segmentos da nutrição animal, parece ser agora uma prioridade, pois impõe restrições significativas ao trabalho das empresas.
“Regras são necessárias”, enfatizou Valugani. “Mas, se forem proteger nossa saúde, também devem proporcionar uma vantagem competitiva, e não ser um fator bloqueador. O conhecimento científico atual confirma que as medidas adotadas na época devido à crise da EEB, graças ao progresso tecnológico e ao know-how do setor, podem agora ser reescritas. Nosso objetivo é uma revisão cuidadosa das regulamentações que combine biossegurança e competitividade.”

Reino Unido
Por Nikki Robertson, Secretária Geral, FABRA UK
A Foodchain and Biomass Renewables Association (FABRA) representa cerca de 90% da indústria de graxaria do Reino Unido, que processa mais de 2 milhões de toneladas métricas de subprodutos animais (SBAs) por ano. Os membros da FABRA produzem cerca de 750.000 toneladas de produtos valiosos, de baixo carbono e sustentáveis por ano e têm um faturamento anual de mais de £0,5 bilhões.

Continua sendo difícil atrair e reter pessoal em nossa indústria, especialmente aqueles com habilidades em controle de processos, engenharia e elétrica, que são fundamentais à medida que a indústria se torna mais automatizada. As empresas são criativas em sua abordagem, utilizando fontes de trabalho de outros países, apesar de alguns cidadãos da UE estarem retornando para casa devido ao aumento do custo de vida no Reino Unido. Nossos membros também têm vínculos com faculdades locais, programas de aprendizagem ou treinamento de gestão e oferecem experiência de trabalho para recém-formados.

Nossa contribuição para as metas da Estratégia Net Zero do governo do Reino Unido é extremamente desafiadora para nosso setor, mas estamos progredindo em diferentes tipos de energia renovável. Existe um futuro positivo para as gorduras processadas como combustíveis renováveis para todos os tipos de transporte. Ao mesmo tempo, nossos produtos de baixo carbono ajudam nossos clientes da cadeia alimentar a reduzir as emissões de carbono associadas aos seus produtos e operações e estamos vendo um aumento na fiscalização da pegada de carbono dos nossos produtos. Tivemos o prazer de participar do recente estudo realizado por nossos colegas da European Fat Processors and Renderers Association sobre a pegada de carbono e a análise do ciclo de vida dos produtos processados na UE.

A maior prioridade no momento é o trabalho que as autoridades devem concluir sobre o pedido do Reino Unido de status de risco insignificante de EEB. Esse pedido está em vias de ser apresentado neste verão e poderemos ter a aprovação a partir de 2025. Essa seria uma boa notícia para a exportação de PAPs e gorduras processadas derivadas de carne de cordeiro e bovina, que atualmente são restritas pelo nosso status de Risco Controlado.
No final de março, o Reino Unido foi declarado livre de influenza aviária, após um dos surtos mais graves já registrados da doença. Espera-se um aumento do língua azul durante o período de verão e a atenção está voltada para manter a ASF afastada, com verificações aumentadas na carne importada nos postos de controle de fronteira.

No início deste ano, as importações de alimentos e bebidas para o Reino Unido da UE passaram a estar sujeitas a inspeções e certificados de saúde necessários, dependendo do nível de risco. Esses sistemas, conhecidos como Modelo de Operação de Fronteira, levaram tempo para serem implementados desde o Brexit, ao contrário dos sistemas para nossas exportações para a UE, que se aplicaram imediatamente após a saída do Reino Unido da UE em 2020.
Em outubro passado, como parte de nosso objetivo de aumentar a conscientização sobre o setor, a FABRA UK, em parceria com reguladores ambientais do Reino Unido, organizou um dia de conscientização sobre o setor de graxaria, com a presença de 26 reguladores ambientais. A FABRA UK forneceu informações sobre os benefícios ambientais do processamento de SBAs em produtos sustentáveis e de baixo carbono e sobre como minimizamos o impacto ambiental de nossas operações no local. Uma série de visitas a locais de graxaria se seguiu para permitir que os oficiais regulatórios ampliem sua experiência e conhecimento sobre nosso setor.

A revisão das melhores técnicas disponíveis (BAT na sigla em inglês) do Reino Unido para prevenir e minimizar as emissões e impactos ambientais de nossa indústria é um dos desafios mais importantes que enfrentamos e já começou com uma reunião introdutória e o primeiro questionário a ser preenchido. Isso definirá o cenário para as discussões que virão e os membros da FABRA se prepararão para participar das atividades do grupo de trabalho técnico ainda este ano. O processo definirá padrões obrigatórios para emissões, consumos, sistemas de gestão e técnicas de processamento para graxaria e frigoríficos.

PUBLICAÇÃO EXCLUSIVA DA REVISTA RECICLAGEM ANIMAL – GRAXARIA BRASILEIRA.
PROIBIDO A REPRODUÇÃO TOTALE/OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO DA EDITORA STILO.

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